Projeto de VRF: Como escolher a condensadora com o melhor custo/benefício? 130%?

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Condensadores VRV IV Inova da Daikin


Projeto de VRF: Como escolher a condensadora com o melhor custo/benefício? Praticamente todos os fabricantes seguem a regra acima para os VRF ou, VRV no caso da Daikin.
Assim, a razão ou taxa de conexão/combinação “R” , definida entre 50 e 130% da carga de evaporação, garante um equilíbrio razoável entre as áreas de faces das superfícies de evaporadores face à dos condensadores.

Mas que significa isso?


Tomando como base um Split, sabemos que a temperatura de sucção de saturação é criteriosamente considerada para o projeto da serpentina tanto de evaporador como decondensador. E uma serpentina de condensador ou evaporador superdimensionada, ou o contrário, subdimensionada, afeta diretamente a temperatura de sucção na saturação, a consequência disso são complicações para o compressor ou mesmo para todos os componentes do sistema.

Lembremo-nos que no modo resfriamento o superaquecimento do fluido refrigerante serve para garantir que chegue 100% vapor ao compressor. Assim, o superaquecimento (modo resfriamento) não deve ser muito alto, pois reduziria o rendimento do equipamento e traria prejuízos ao compressor e nem muito baixo pois, poderia chegar em forma líquida ao compressor, danificando-o.


Em suma, se a serpentina do evaporador for muito grande com a serpentina de condensador muito pequena, a temperatura de saturação na sucção do compressor será muito alta e o contrário, ou seja, serpentina de evaporador pequena em relação à do condensador, teremos a temperatura de saturação na sucção muito baixa, com grande possibilidade de entupir o compressor com refrigerante na forma líquida, dentre outros problemas.


Trazendo o conceito para o VRF ou VRV (marca patenteada Daikin):


Devido ao recurso de modulação de carga, um sistema VRV é “maleável”, ele consegue atingir o objetivo mesmo se a serpentina de condensador estiver um pouco abaixo do normal. Assim, os projetistas ao invés de usar dados de desempenho de serpentina dos fabricantes para combinar adequadamente os evaporadores ao sistema de condensação (1,2,3 ou 4 módulos), calculam a razão de conexão “R” dentro do que recomenda cada fabricante.

Um “R” > 100% significa condensador subdimensionado. O refrigerante tem a temperatura de saturação aumentada, e não completa o ciclo de evaporação por completo e resulta em problemas ao sistema todo.


Um “R” < 50% significa condensador superdimensionado. O refrigerante tem a temperatura de saturação diminída, o que faz com o fluido refrigerante não evapore completamente entrando na forma líquido no compressor, problemas de novo.


Um “R” entre 50% e 100% significa que o condensador é mais do que o suficiente para as unidades internas conectadas.

Na prática como se projeta, se vende, se instala:


Existe um conceito da elétrica chamado de “diversidade de carga” que diz que para um grupo de equipamentos elétricos, digamos, de um residência, a carga total real é sempre menor do que a soma das cargas de pico dos equipamentos. Isso se deve ao fato de que raramente teremos um momento em que todos os equipamentos estão simultaneamente no pico de carga.
Analogamente, se várias unidades evaporadoras VRV estão conectadas a uma unidade condensadora, não é necessário que todas elas trabalhem na capacidade máxima o tempo todo. Isso, devido à diversidade de carga do prédio, edifício etc. Assim, através dos Sofware de seleção de equipamentos (ou mesmo manualmente) podemos escolher a faixa de operação entre 50 e 130% recomendados.

Veja o quadro abaixo para entendermos melhor o conceito:

Como observamos, se dimensionada pela carga de Bloco, o condensador pode ser de 10 HP ao invés de 12 HP. Isso resulta em menor custo com projeto e com uma condensadora dimensionada corretamente pela carga de bloco. Imagine um edifício de 25 andares como podemos trabalhar bem o conceito de diversidade de carga!
Mas atenção: Nem sempre passar de 100% é bom negócio.


Casos em que não se pode contar com a diversidade do ambiente, por exemplo, um andar de edifício que tinha um lay-out composto por muitas salas e posteriormente transforme-se em um ambiente único de trabalho, com divisórias baixas. Nesse caso, NÃO ultrapasse os 100%, visto que a diversidade do ambiente praticamente não existe mais.


CONCLUSÃO

Projeto de VRF: Como escolher a condensadora? Espero que tenha respondio à esta pergunta. De fato, para evitar problemas com a temperatura de sucção saturada muito alta ou muito baixa, levando à falhas prematuras, principalmente de compressor, projete (e instale) a razão de conexão R da instalação entre 50 e 130%.

Casos em que há permissão de ultrapassar o limite superior de 130%, preste atenção nas condições para isso.

Algumas vezes o fabricante instrui através de notas de rodapé que o uso deve ser não simultâneo de unidades internas. Ou ainda que as unidades internas não atingirão capacidade máxima tão logo o sistema ultrapasse os 130% permitidos. Muitas vezes o fabricante limita velocidade de compressor ou ainda, distribui o volume de refrigerante de acordo com o tamanho do evaporador, mas limitando a temperatura de conforto por exemplo, em 24º C.
Quando estiver de fronte a um fabricante que diz que a razão de combinação R pode ser ultrapassada além dos 130% LEIA AS NOTAS DE RODAPÉ!!!


Eng. João Agnaldo Ferreira
Proprietário do Canal e Blog “Sistema VRV”
Outubro/2024

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